Crianças Novas

Celebrar o Aniversário em Montessori

imagens aniversario ncom montessori

Em meados de Novembro celebramos 4 anos de vida do nosso filho e fez todo o sentido fazê-lo ao ritmo Montessori… As festas tradicionais de aniversário focam-se nos presentes e na comida e é um hábito tão enraizado que acabamos por fazer sempre da mesma maneira.

Na pedagogia Montessori, a vivência é outra, a cultura está muito presente na vida das crianças, a descoberta de como o outro vive, como se comporta mesmo num país diferente do seu, tudo o que envolve o mistério do Universo, dos planetas e galáxias é transmitido de forma a gerar na criança um sentimento de confiança e solidariamente em relação aos outros pois descobre que, por mais diferentes que sejamos, todos estamos ligados neste imenso Universo. Temos de cuidar uns dos outros e não apenas daqueles que estão próximos de nós.

Neste dia a criança tem a oportunidade de, tal como a Terra leva um ano a dar a volta do Sol, de passar em memórias os anos que já viveu e festejar.

É um dia de celebração em que este ano não tivemos convidados mas houve um bolo de aniversário super saboroso e saudável feito a quatro mãos pelo filho e pelo pai.

Reunimos várias fotografias dos quatro anos do filho, uma vela que simboliza o Sol, um pequeno globo pintado por nós que simboliza a Terra e doze pequenas tiras de papel com os doze meses do ano. Sentamo-nos no chão, numa linha imaginária da circunferência, colocamos a Luz no centro, as fotografias dispostas também em circunferência e a criança deu quatro voltas, uma por cada ano já vivido tal como a Terra anda à volta do Sol.

Tivemos oportunidade de observar as suas fotografias, recordar e contar as suas histórias por palavras. É um momento muito bem passado onde há oportunidade de agradecer o Dom da Vida e dar significado a cada momento vivido ao longo destes quatro anos. A criança pode assim, em cada ano que passa, e no dia do seu aniversário fazer um pequeno balanço, lembrar histórias, recordar pessoas, fazer memória. Focar no realmente é importante, a Sua História.

Quando há possibilidade de ter a família e outros convidados, a celebração é ainda mais vivida pois todos se envolvem e acabam por conhecer e experienciar com a criança os momentos importantes da sua vida. São celebrações memoráveis! Este pode ser um momento da festa. Mais ou menos prolongado. Para o resto do tempo, há que ter criatividade, também!

Há a possibilidade de recolher alguns objetos importantes da criança e coloca-los numa caixa e ela, com as fotos, poder falar sobre eles dando-lhes vida…

Para nós tem sido uma experiência muito interessante. E à medida que a criança vai crescendo, tudo toma mais sentido!

Dispostos a experimentar?

O Natal de 2020 pode ser diferente…

natal de 2020

Estamos a aproximar do Natal. Começamos a viver a pressão dos presentes, as luzes, os encontros que não sabemos como se vão realizar, enfim…para muitas famílias esta época é vivida com algum stress e ansiedade, para outras já conseguem vivenciá-lo com mais tranquilidade e longe dos grandes centros urbanos.

Seja qual for a situação, podemos sempre acrescentar conhecimento para que os nossos filhos tenham alternativas mais saudáveis que os ajudem a vivenciar este tempo que é tão importante nas suas vidas.

Fui criada no seio de uma família tradicional cristã. Sempre celebramos o Natal em família onde um dos adultos fantasiava-se de Pai Natal e os mais pequenos (que eram muitos) abriam os presentes depois da Ceia de Natal. Cresci a acreditar no Pai Natal…

Quando conheci o método Montessori e sabendo da importância que é dada à infância, atrevi-me a procurar como celebrar o Natal e descobri uma nova forma de Ser e Estar mais genuína e com muito mais sentido.

Vamos então esclarecer alguns conceitos importantes para que consigamos perceber e quem sabe, este Natal possa ser diferente fazendo mais sentido nas vossas vidas.

Montessori ensina-nos que a fantasia e a imaginação são conceitos diferentes e que as crianças até aos seis anos não devem ser expostas à fantasia, isto porque a sua mente não é capaz de diferenciar o que é real de ficção, podendo mesmo criar confusão na construção da visão do mundo.

A partir dos seis anos e porque já está a desenvolver uma mente abstrata, podem ser as histórias muito enriquecedoras. As crianças têm já um extenso conhecimento do mundo e a capacidade de distinguir o que é real ou não.

Desta forma, Montessori não concorda que a fantasia seja imposta às crianças, valorizando a imaginação que parte da realidade de cada criança.

Imaginação nasce da mente da criança e é algo que ela cria a partir da informação real que tem. Surge da inteligência, da verdade e ultrapassa os limites da realidade. A fantasia nasce da imaginação de outra pessoa e por isso é transmitida em forma de crença e obrigação. A criança não cria, ela apenas acredita na imaginação do outro. Nas histórias, os protagonistas não são reais, personificando conceitos de beleza e do bem.

Por tudo isto, como fica o papel do Pai Natal?

Devemos dizer a verdade sobre esta personagem?

Como te sentes quando descobriste a verdade sobre o Pai Natal?

Vivemos tempos conturbados e sem algum rumo mas muitos de nós sente já a necessidade de educar de forma mais consciente e genuína e por isso não faz sentido usar o Pai Natal como aquele velhinho com barbas que trás as prendas e as coloca na chaminé porque nos portamos bem ao longo do ano.

Se a nossa comunicação é mais autêntica para que a relação com as nossas crianças seja mais verdadeira e de confiança mútua, não faz sentido mentir nesta época do ano.

A magia nunca vai desaparecer. O Pai Natal continua por aqui (ele personifica algumas ideias importantes: a bondade, generosidade, gratidão…) mas os heróis, os bons somos nós! Sim, somos nós pais, mães, tios ou avós, amigos que amam as crianças e que na verdade partilham amor, cuidado, alegria quando oferecem os presentes.

Quantos de nós condiciona a oferta das prendas consoante o comportamento da criança? A ideia do prémio: só é merecedora se teve boas notas, se teve um bom comportamento mas a criança porta-se sempre bem se ao seu redor o ambiente e os adultos estiverem preparados para acolhê-la. E ainda por cima é uma figura que oferece…

O nosso mundo é maravilhoso! É lindo! É cheio de amor, de solidariedade, não precisa de personagens fictícias para nos mostrar isso mesmo. Quando mostramos à criança esta forma de viver e sentir, ela percebe que é amada por aqueles que a rodeiam e que todos desejamos um mundo melhor.

Há quatro anos fui mãe, optamos por mostrar esta perspetiva ao nosso filho. Ao início com algum receio porque não é muito comum mas é tão maravilhosa a sua forma de estar no mundo que todos os Natais agradeço a Montessori por me ajudar na sua educação.

Continua a existir magia nesta época…quando montamos a árvore de natal e o presépio explicando o significado histórico e bíblico, ao som de músicas natalícias.

Continua a existir magia quando criamos o calendário do advento e ao longo dos dias vamos destralhando para que o Natal de outros meninos possa existir.

Existe magia nas luzes a piscar, na lareira acesa, no quentinho das pantufas, nos presentes oferecidos com muito amor.

Existe magia de Natal ao passearmos na Natureza aproveitando para apanhar elementos e decorar a casa de uma forma mais sustentável.

Existe magia quando percebemos como os outros meninos celebram o Natal, nas diferentes partes do globo, sabendo que a nossa maneira de celebrar não é a única.

Magia quando contamos a vida de São Nicolau..

Existe magia quando potenciamos a imaginação da criança que vivencia o Natal a partir dela própria e assim a desenvolver todo o seu Ser (humano e espiritual).

Temos sempre a possibilidade de continuarmos a fazer tudo igual da forma como vivenciamos durante a nossa vida mas se acreditamos numa Nova Humanidade a partir da criança, é nosso dever fazer diferente. Mostrar-lhes novas formas de celebrar o Natal…

Vamos a tempo de fazer diferente este ano… Um ano que foi diferente em tudo!

Aceitas o convite?

 

O que nos dizem as nossas mãos?

Não vou fazer nenhuma interpretação da minha mão, não. Não sou a pessoa mais indicada para isso. Talvez fosse interessante mas como tenho muitas dúvidas acerca do que dizem nunca caí nessa aventura. O que sei é que cada mão representa uma história de vida… isso eu acho maravilhoso!

Umas mãos mais calejadas de trabalhar a terra, outras mais finas por se tocar guitarra, ou ainda, aquelas muito macias e com unhas bem arranjadas. Gosto de ver uma mão bonita!

Com as mãos podemos fazer muita coisa e não me imagino sem elas. Agarrar, empurrar, tocar, partir, levantar, folhear… Sem elas sinto-me despida.

Agradeço as minhas mãos! São delicadas e fazem coisas muito belas. Acredito que, tocar guitarra durante tantos anos, ajudou-me a respeita-las.

Montessori dá muita importância às mãos da criança. Elas estão ligadas ao cérebro e desenvolvem-no. “Não dê mais ao cérebro do que dá às mãos.”

Sabemos que ao desenvolver as mãos desenvolvemos o cérebro e daí termos atividades, desde o início de vida da criança, para que esta seja responsável pelo seu desenvolvimento. Atividades de vida prática e sensorial que consistem em exercícios para capacitar os dedos e a pinça feita por eles, o pulso e a sua rotação, transferir de uma mão para a outra e a pega de objetos. Tudo isto leva não só ao desenvolvimento das capacidades mas também à preparação da escrita quando a criança for mais crescida.

Que delicadas são as nossas mãos e quanto são importantes! Cuidemos delas!

A Natureza das Crianças

Montessori fala sobre um conceito importante. Normalização! Em que consiste? Devolver a natureza, a normalidade à criança. É a recuperação por parte da criança, de tendências que lhe são naturais.

Montessori nas suas observações concluiu que, ao contrário do que muitos pensam, a criança gosta de ordem, do silêncio, da simplicidade e do belo. Dá natureza.

Os adultos, muitas vezes, alheios a esta verdade e querendo fazer o melhor que sabem, enchem os quartos de brinquedos. Brinquedos que brincam sozinhos, que falam e são muito luminosos. E porque dá trabalho e consideram as crianças desarrumadas, deixam os brinquedos espalhados pela casa….( a partir dos 2/3 anos podemos começar a ensinar a arrumar com muita tranquilidade ).

No livro mente absorvente, Montessori refere que a sociedade agrupa as crianças em:

Más porque têm defeitos que devem ser tratados;

Boas porque são passivas e se portam bem. Não dão trabalho;

Superiores porque são autónomas, criativas…

E é interessante perceber que ainda continua esta divisão!!

E como devolver a normalidade às crianças? Ou para os pais mais atentos, como respeitar a natureza das nossas crianças?

  • Ama-las, ama-las, ama-las. Dar-lhes carinho em qualquer situação;
  • Estar conectado com os filhos. Atento às suas necessidades. Dar-lhes segurança em qualquer situação;
  • Providenciar um ambiente preparado onde a criança possa ser livre. Uma criança que possa escolher o que quer fazer ou brincar, concentra-se na tarefa, sente-se entusiasmada e consegue ser verdadeiramente ela.

Das poucas vezes que interrompi o F. nas suas brincadeiras, arrependi-me! Dificilmente consigo que ele faça outra coisa a meu pedido. Será que eu gosto de ser interrompida quando estou a fazer algo que gosto?

E é interessante observar que esta liberdade leva ao respeito (de ambos os lados) e à obediência. Uma obediência natural, percebida, consentida por parte das crianças.

  • Respeitar o amor da criança pelo silêncio, pela simplicidade, pela ordem. Para não adotar posturas artificiais diante da sociedade.
  • Sobretudo respeitar o espaço. Escolher sabiamente os brinquedos/materiais da criança. Organizar o espaço onde ela vive.
  • E o tempo da criança. Ela não tem o mesmo tempo que os adultos! Ela está a construir um Ser Humano dentro dela. Precisa de tempo…de rotina. Respeitar o tempo dela!

Respeitando a natureza da criança, a sua vida é mais prazerosa, mais cheia de energia, de sorrisos e alegrias!

Quando há situações negativas vale a pena analisa-las. Perceber porque aconteceram. Ela está a aprender a viver….

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