Crianças Novas

O que significa consciente?

Sinto que andamos, agora, com a palavra consciente sempre pronta a ser dita! Parentalidade consciente, família consciente, crianças conscientes, professores conscientes e por aí adiante!

Outro dia, quando estava a partilhar com uma colega a sinopse do meu próximo curso, esta palavra apareceu, é muito vaga… e perguntou-me o que isso significava. Lá expliquei e no meio de conclusões, percebi que consciente tem muito a haver com o que tu pensas sobre ti, os teus valores, as tuas crenças, no final de contas a tua existência. E quando ouvimos esta palavra na educação, tornar-se para nós um grande desafio e responsabilidade, pois educar segundo a nossa consciência tem muito que se lhe diga! Estará a nossa consciência digna de ser imitada pelos mais novos? O que andamos a fazer conscientemente, se a maior parte das vezes agimos inconscientemente? Quais são os nossos valores? Estarão atualizados aos tempos de agora?

Apareceu a Parentalidade Consciente que consiste em educar segundo alguns valores e princípios que deverão estar em sintonia com o que nós queremos fazer no quotidiano para termos uma vida mais saudável, feliz e consciente com os nossos filhos, isto é, na prática os valores das crianças também contam e devem ter o mesmo valor do que os dos adultos.  Só conseguimos praticar esta parentalidade quando todos somos ouvidos e fazemos parte das pequenas ou grandes decisões da vida. É a partir desta nossa consciência e deste momento que a nossa caminhada começa como educadores conscientes e com desejo de transformar vidas.  Mas não são as vidas das nossas crianças que vão ser transformadas, são as nossas vidas para que consigamos chegar até elas como pessoas de igual valor a nós.  

Deixemos as crianças em paz! Elas são sábias, têm a sua personalidade, os seus desejos, sonhos, têm as suas opiniões, desde sempre, são conscientes e nós com esta mania de querer o melhor para elas, muitas vezes tropeçamos e custa-nos pedir ajuda para levantar. 

Este ano podes fazer diferente, confia na tua criança. Confia nela quando diz que não quer ir à escola, confia nela quando se queixa da professora, confia nela quando diz que gosta de alguém, confia nela quando te pede para comprares alguma coisa, confia nela, confia na tua criança! E a partir desta confiança vem tudo o resto, as tuas respostas, o teu consentimento ou negação aos seus desejos. Tudo começa a fazer mais sentido, a vida começa a fluir, a crescer e as pequenas transformações acontecem. E no final de cada processo, a grande transformação está lá!

E porque somos responsáveis pela educação da geração mais nova… o que é para ti a consciência? Quais são os teus valores? Quais os valores que tens e estão em sintonia ou não, com os da tua criança? O que fazes para seres um adulto mais consciente digno de imitação?

Há muito mais sobre parentalidade consciente a ser dito. Falo do meu coração, neste momento.

Estamos juntos pelas nossas crianças. 

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Celebrar o Aniversário em Montessori

imagens aniversario ncom montessori

Em meados de Novembro celebramos 4 anos de vida do nosso filho e fez todo o sentido fazê-lo ao ritmo Montessori… As festas tradicionais de aniversário focam-se nos presentes e na comida e é um hábito tão enraizado que acabamos por fazer sempre da mesma maneira.

Na pedagogia Montessori, a vivência é outra, a cultura está muito presente na vida das crianças, a descoberta de como o outro vive, como se comporta mesmo num país diferente do seu, tudo o que envolve o mistério do Universo, dos planetas e galáxias é transmitido de forma a gerar na criança um sentimento de confiança e solidariamente em relação aos outros pois descobre que, por mais diferentes que sejamos, todos estamos ligados neste imenso Universo. Temos de cuidar uns dos outros e não apenas daqueles que estão próximos de nós.

Neste dia a criança tem a oportunidade de, tal como a Terra leva um ano a dar a volta do Sol, de passar em memórias os anos que já viveu e festejar.

É um dia de celebração em que este ano não tivemos convidados mas houve um bolo de aniversário super saboroso e saudável feito a quatro mãos pelo filho e pelo pai.

Reunimos várias fotografias dos quatro anos do filho, uma vela que simboliza o Sol, um pequeno globo pintado por nós que simboliza a Terra e doze pequenas tiras de papel com os doze meses do ano. Sentamo-nos no chão, numa linha imaginária da circunferência, colocamos a Luz no centro, as fotografias dispostas também em circunferência e a criança deu quatro voltas, uma por cada ano já vivido tal como a Terra anda à volta do Sol.

Tivemos oportunidade de observar as suas fotografias, recordar e contar as suas histórias por palavras. É um momento muito bem passado onde há oportunidade de agradecer o Dom da Vida e dar significado a cada momento vivido ao longo destes quatro anos. A criança pode assim, em cada ano que passa, e no dia do seu aniversário fazer um pequeno balanço, lembrar histórias, recordar pessoas, fazer memória. Focar no realmente é importante, a Sua História.

Quando há possibilidade de ter a família e outros convidados, a celebração é ainda mais vivida pois todos se envolvem e acabam por conhecer e experienciar com a criança os momentos importantes da sua vida. São celebrações memoráveis! Este pode ser um momento da festa. Mais ou menos prolongado. Para o resto do tempo, há que ter criatividade, também!

Há a possibilidade de recolher alguns objetos importantes da criança e coloca-los numa caixa e ela, com as fotos, poder falar sobre eles dando-lhes vida…

Para nós tem sido uma experiência muito interessante. E à medida que a criança vai crescendo, tudo toma mais sentido!

Dispostos a experimentar?

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O Natal de 2020 pode ser diferente…

natal de 2020

Estamos a aproximar do Natal. Começamos a viver a pressão dos presentes, as luzes, os encontros que não sabemos como se vão realizar, enfim…para muitas famílias esta época é vivida com algum stress e ansiedade, para outras já conseguem vivenciá-lo com mais tranquilidade e longe dos grandes centros urbanos.

Seja qual for a situação, podemos sempre acrescentar conhecimento para que os nossos filhos tenham alternativas mais saudáveis que os ajudem a vivenciar este tempo que é tão importante nas suas vidas.

Fui criada no seio de uma família tradicional cristã. Sempre celebramos o Natal em família onde um dos adultos fantasiava-se de Pai Natal e os mais pequenos (que eram muitos) abriam os presentes depois da Ceia de Natal. Cresci a acreditar no Pai Natal…

Quando conheci o método Montessori e sabendo da importância que é dada à infância, atrevi-me a procurar como celebrar o Natal e descobri uma nova forma de Ser e Estar mais genuína e com muito mais sentido.

Vamos então esclarecer alguns conceitos importantes para que consigamos perceber e quem sabe, este Natal possa ser diferente fazendo mais sentido nas vossas vidas.

Montessori ensina-nos que a fantasia e a imaginação são conceitos diferentes e que as crianças até aos seis anos não devem ser expostas à fantasia, isto porque a sua mente não é capaz de diferenciar o que é real de ficção, podendo mesmo criar confusão na construção da visão do mundo.

A partir dos seis anos e porque já está a desenvolver uma mente abstrata, podem ser as histórias muito enriquecedoras. As crianças têm já um extenso conhecimento do mundo e a capacidade de distinguir o que é real ou não.

Desta forma, Montessori não concorda que a fantasia seja imposta às crianças, valorizando a imaginação que parte da realidade de cada criança.

Imaginação nasce da mente da criança e é algo que ela cria a partir da informação real que tem. Surge da inteligência, da verdade e ultrapassa os limites da realidade. A fantasia nasce da imaginação de outra pessoa e por isso é transmitida em forma de crença e obrigação. A criança não cria, ela apenas acredita na imaginação do outro. Nas histórias, os protagonistas não são reais, personificando conceitos de beleza e do bem.

Por tudo isto, como fica o papel do Pai Natal?

Devemos dizer a verdade sobre esta personagem?

Como te sentes quando descobriste a verdade sobre o Pai Natal?

Vivemos tempos conturbados e sem algum rumo mas muitos de nós sente já a necessidade de educar de forma mais consciente e genuína e por isso não faz sentido usar o Pai Natal como aquele velhinho com barbas que trás as prendas e as coloca na chaminé porque nos portamos bem ao longo do ano.

Se a nossa comunicação é mais autêntica para que a relação com as nossas crianças seja mais verdadeira e de confiança mútua, não faz sentido mentir nesta época do ano.

A magia nunca vai desaparecer. O Pai Natal continua por aqui (ele personifica algumas ideias importantes: a bondade, generosidade, gratidão…) mas os heróis, os bons somos nós! Sim, somos nós pais, mães, tios ou avós, amigos que amam as crianças e que na verdade partilham amor, cuidado, alegria quando oferecem os presentes.

Quantos de nós condiciona a oferta das prendas consoante o comportamento da criança? A ideia do prémio: só é merecedora se teve boas notas, se teve um bom comportamento mas a criança porta-se sempre bem se ao seu redor o ambiente e os adultos estiverem preparados para acolhê-la. E ainda por cima é uma figura que oferece…

O nosso mundo é maravilhoso! É lindo! É cheio de amor, de solidariedade, não precisa de personagens fictícias para nos mostrar isso mesmo. Quando mostramos à criança esta forma de viver e sentir, ela percebe que é amada por aqueles que a rodeiam e que todos desejamos um mundo melhor.

Há quatro anos fui mãe, optamos por mostrar esta perspetiva ao nosso filho. Ao início com algum receio porque não é muito comum mas é tão maravilhosa a sua forma de estar no mundo que todos os Natais agradeço a Montessori por me ajudar na sua educação.

Continua a existir magia nesta época…quando montamos a árvore de natal e o presépio explicando o significado histórico e bíblico, ao som de músicas natalícias.

Continua a existir magia quando criamos o calendário do advento e ao longo dos dias vamos destralhando para que o Natal de outros meninos possa existir.

Existe magia nas luzes a piscar, na lareira acesa, no quentinho das pantufas, nos presentes oferecidos com muito amor.

Existe magia de Natal ao passearmos na Natureza aproveitando para apanhar elementos e decorar a casa de uma forma mais sustentável.

Existe magia quando percebemos como os outros meninos celebram o Natal, nas diferentes partes do globo, sabendo que a nossa maneira de celebrar não é a única.

Magia quando contamos a vida de São Nicolau..

Existe magia quando potenciamos a imaginação da criança que vivencia o Natal a partir dela própria e assim a desenvolver todo o seu Ser (humano e espiritual).

Temos sempre a possibilidade de continuarmos a fazer tudo igual da forma como vivenciamos durante a nossa vida mas se acreditamos numa Nova Humanidade a partir da criança, é nosso dever fazer diferente. Mostrar-lhes novas formas de celebrar o Natal…

Vamos a tempo de fazer diferente este ano… Um ano que foi diferente em tudo!

Aceitas o convite?

 

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O que nos dizem as nossas mãos?

Não vou fazer nenhuma interpretação da minha mão, não. Não sou a pessoa mais indicada para isso. Talvez fosse interessante mas como tenho muitas dúvidas acerca do que dizem nunca caí nessa aventura. O que sei é que cada mão representa uma história de vida… isso eu acho maravilhoso!

Umas mãos mais calejadas de trabalhar a terra, outras mais finas por se tocar guitarra, ou ainda, aquelas muito macias e com unhas bem arranjadas. Gosto de ver uma mão bonita!

Com as mãos podemos fazer muita coisa e não me imagino sem elas. Agarrar, empurrar, tocar, partir, levantar, folhear… Sem elas sinto-me despida.

Agradeço as minhas mãos! São delicadas e fazem coisas muito belas. Acredito que, tocar guitarra durante tantos anos, ajudou-me a respeita-las.

Montessori dá muita importância às mãos da criança. Elas estão ligadas ao cérebro e desenvolvem-no. “Não dê mais ao cérebro do que dá às mãos.”

Sabemos que ao desenvolver as mãos desenvolvemos o cérebro e daí termos atividades, desde o início de vida da criança, para que esta seja responsável pelo seu desenvolvimento. Atividades de vida prática e sensorial que consistem em exercícios para capacitar os dedos e a pinça feita por eles, o pulso e a sua rotação, transferir de uma mão para a outra e a pega de objetos. Tudo isto leva não só ao desenvolvimento das capacidades mas também à preparação da escrita quando a criança for mais crescida.

Que delicadas são as nossas mãos e quanto são importantes! Cuidemos delas!

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A Natureza das Crianças

Montessori fala sobre um conceito importante. Normalização! Em que consiste? Devolver a natureza, a normalidade à criança. É a recuperação por parte da criança, de tendências que lhe são naturais.

Montessori nas suas observações concluiu que, ao contrário do que muitos pensam, a criança gosta de ordem, do silêncio, da simplicidade e do belo. Dá natureza.

Os adultos, muitas vezes, alheios a esta verdade e querendo fazer o melhor que sabem, enchem os quartos de brinquedos. Brinquedos que brincam sozinhos, que falam e são muito luminosos. E porque dá trabalho e consideram as crianças desarrumadas, deixam os brinquedos espalhados pela casa….( a partir dos 2/3 anos podemos começar a ensinar a arrumar com muita tranquilidade ).

No livro mente absorvente, Montessori refere que a sociedade agrupa as crianças em:

Más porque têm defeitos que devem ser tratados;

Boas porque são passivas e se portam bem. Não dão trabalho;

Superiores porque são autónomas, criativas…

E é interessante perceber que ainda continua esta divisão!!

E como devolver a normalidade às crianças? Ou para os pais mais atentos, como respeitar a natureza das nossas crianças?

  • Ama-las, ama-las, ama-las. Dar-lhes carinho em qualquer situação;
  • Estar conectado com os filhos. Atento às suas necessidades. Dar-lhes segurança em qualquer situação;
  • Providenciar um ambiente preparado onde a criança possa ser livre. Uma criança que possa escolher o que quer fazer ou brincar, concentra-se na tarefa, sente-se entusiasmada e consegue ser verdadeiramente ela.

Das poucas vezes que interrompi o F. nas suas brincadeiras, arrependi-me! Dificilmente consigo que ele faça outra coisa a meu pedido. Será que eu gosto de ser interrompida quando estou a fazer algo que gosto?

E é interessante observar que esta liberdade leva ao respeito (de ambos os lados) e à obediência. Uma obediência natural, percebida, consentida por parte das crianças.

  • Respeitar o amor da criança pelo silêncio, pela simplicidade, pela ordem. Para não adotar posturas artificiais diante da sociedade.
  • Sobretudo respeitar o espaço. Escolher sabiamente os brinquedos/materiais da criança. Organizar o espaço onde ela vive.
  • E o tempo da criança. Ela não tem o mesmo tempo que os adultos! Ela está a construir um Ser Humano dentro dela. Precisa de tempo…de rotina. Respeitar o tempo dela!

Respeitando a natureza da criança, a sua vida é mais prazerosa, mais cheia de energia, de sorrisos e alegrias!

Quando há situações negativas vale a pena analisa-las. Perceber porque aconteceram. Ela está a aprender a viver….

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