Desenvolvimento Infantil

O que nos dizem as nossas mãos?

Não vou fazer nenhuma interpretação da minha mão, não. Não sou a pessoa mais indicada para isso. Talvez fosse interessante mas como tenho muitas dúvidas acerca do que dizem nunca caí nessa aventura. O que sei é que cada mão representa uma história de vida… isso eu acho maravilhoso!

Umas mãos mais calejadas de trabalhar a terra, outras mais finas por se tocar guitarra, ou ainda, aquelas muito macias e com unhas bem arranjadas. Gosto de ver uma mão bonita!

Com as mãos podemos fazer muita coisa e não me imagino sem elas. Agarrar, empurrar, tocar, partir, levantar, folhear… Sem elas sinto-me despida.

Agradeço as minhas mãos! São delicadas e fazem coisas muito belas. Acredito que, tocar guitarra durante tantos anos, ajudou-me a respeita-las.

Montessori dá muita importância às mãos da criança. Elas estão ligadas ao cérebro e desenvolvem-no. “Não dê mais ao cérebro do que dá às mãos.”

Sabemos que ao desenvolver as mãos desenvolvemos o cérebro e daí termos atividades, desde o início de vida da criança, para que esta seja responsável pelo seu desenvolvimento. Atividades de vida prática e sensorial que consistem em exercícios para capacitar os dedos e a pinça feita por eles, o pulso e a sua rotação, transferir de uma mão para a outra e a pega de objetos. Tudo isto leva não só ao desenvolvimento das capacidades mas também à preparação da escrita quando a criança for mais crescida.

Que delicadas são as nossas mãos e quanto são importantes! Cuidemos delas!

Vida prática – sumo de laranja

Vida prática – sumo de laranja 2

Esta é mais uma atividade que a criança se delicia com o resultado final…um suminho delicioso de laranja.

Deve ser preparada pelo adulto.

A criança poderá ter maior ou menor dificuldade, em a realizar, consoante a idade.

É de salientar que as atividades têm como um dos objetivos criar autonomia à criança, por isso é importante perceber se ela já estará pronta para a fazer.

Aqui por casa fazemo-la várias vezes. Sabemos que o F., ainda, não a faz sozinho mas fica muito contente em participar nela e beber o sumo depois de feito. Nham, nham

Escolher a fruta, corta-la com cuidado. Espremer suavemente com mão. Deitá-la para o jarro de vidro e depois para o copo.

Tantas tarefas!! Feitas ao ritmo da criança e com muita paciência. Elas aprendem rápido …

Follow the Child

Follow the child 2

O F. começa a identificar as cores. Já reconhece as primárias e outras mais usadas por nós.

Hoje é daqueles dias chuvosos em que ficamos em casa! Cansada, interrompi a brincadeira do F. para lhe oferecer o estojo dos lápis. A ideia era de começar a fazer um desenho para o dia do Pai. O resultado…

Tudo espalhado no chão. Não havia vontade de pintar! Fiz mal! Interrompi-o! Tirei-lhe a concentração daquilo que ele estava a fazer. Depois de lhe pedir desculpa, perguntei se queria fazer um jogo novo das cores. Disse que sim todo entusiasmado!

Estivemos um bom pedaço de tempo a reconhecer as cores, a agrupa-las e no fim acabou por arrumar comigo.

Follow the child… Seguir a criança…

Perceber o que ela quer, perceber o que ela necessita. Dar-lhe. Com simplicidade e naturalidade. Estar.

O nosso dia a dia é assim. De erros e vitórias. De compreensão e dedicação. De muito amor!

A Natureza das Crianças

Montessori fala sobre um conceito importante. Normalização! Em que consiste? Devolver a natureza, a normalidade à criança. É a recuperação por parte da criança, de tendências que lhe são naturais.

Montessori nas suas observações concluiu que, ao contrário do que muitos pensam, a criança gosta de ordem, do silêncio, da simplicidade e do belo. Dá natureza.

Os adultos, muitas vezes, alheios a esta verdade e querendo fazer o melhor que sabem, enchem os quartos de brinquedos. Brinquedos que brincam sozinhos, que falam e são muito luminosos. E porque dá trabalho e consideram as crianças desarrumadas, deixam os brinquedos espalhados pela casa….( a partir dos 2/3 anos podemos começar a ensinar a arrumar com muita tranquilidade ).

No livro mente absorvente, Montessori refere que a sociedade agrupa as crianças em:

Más porque têm defeitos que devem ser tratados;

Boas porque são passivas e se portam bem. Não dão trabalho;

Superiores porque são autónomas, criativas…

E é interessante perceber que ainda continua esta divisão!!

E como devolver a normalidade às crianças? Ou para os pais mais atentos, como respeitar a natureza das nossas crianças?

  • Ama-las, ama-las, ama-las. Dar-lhes carinho em qualquer situação;
  • Estar conectado com os filhos. Atento às suas necessidades. Dar-lhes segurança em qualquer situação;
  • Providenciar um ambiente preparado onde a criança possa ser livre. Uma criança que possa escolher o que quer fazer ou brincar, concentra-se na tarefa, sente-se entusiasmada e consegue ser verdadeiramente ela.

Das poucas vezes que interrompi o F. nas suas brincadeiras, arrependi-me! Dificilmente consigo que ele faça outra coisa a meu pedido. Será que eu gosto de ser interrompida quando estou a fazer algo que gosto?

E é interessante observar que esta liberdade leva ao respeito (de ambos os lados) e à obediência. Uma obediência natural, percebida, consentida por parte das crianças.

  • Respeitar o amor da criança pelo silêncio, pela simplicidade, pela ordem. Para não adotar posturas artificiais diante da sociedade.
  • Sobretudo respeitar o espaço. Escolher sabiamente os brinquedos/materiais da criança. Organizar o espaço onde ela vive.
  • E o tempo da criança. Ela não tem o mesmo tempo que os adultos! Ela está a construir um Ser Humano dentro dela. Precisa de tempo…de rotina. Respeitar o tempo dela!

Respeitando a natureza da criança, a sua vida é mais prazerosa, mais cheia de energia, de sorrisos e alegrias!

Quando há situações negativas vale a pena analisa-las. Perceber porque aconteceram. Ela está a aprender a viver….

Independente desde cedo

Desde cedo que temos o cuidado de respeitar a independência do nosso filho. Temos aprendido com Maria Montessori!

Sabendo nós que os bebés/crianças são seres individuais e únicos, que não nos pertencem e que o nosso papel é de orientar/indicar caminhos/alternativas na vida do nosso filho, em que cada dia é uma aprendizagem!

Ter o cuidado de não atrapalhar. Estar presente mas não interferir.

Ter o cuidado de observar para melhor responder aos seus pedidos. Por exemplo, ensinar a subir e a descer do sofá!

Ter o cuidado de a cada momento ter os materiais e atividades adequados ao seu desenvolvimento. Não colocar os brinquedos/materiais todos a monte. Ir arrumando à medida que o bebé vai deixando de brincar para que o seu sentido da ordem seja respeitado. Na devida altura ensinar a arrumar. Observar quais os brinquedos que não usa para serem guardados e usados mais tarde.

Aprendi com Maria Montessori que se a criança não brinca ou não dá atenção a algum material é porque, ainda, não está preparada para ele.

Isto deu-me muita tranquilidade! O material Montessori é adequado e sabemos quando deve ser utilizado, tendo atenção o desenvolvimento da criança. Os brinquedos, às vezes, indicam um intervalo de idades muito grande e daí poder não ser apropriado para aquele momento!

Ter o cuidado de comprar material que não promova a dependência da criança em relação ao adulto. Que a criança possa brincar sozinha. Por exemplo, se o material estiver numa caixa difícil de abrir, a criança sempre que quiser brincar tem de pedir ajuda!

Ter brinquedos/materiais simples, bonitos e que façam apenas uma coisa!! É tão importante este aspeto! Quando o bebé/criança tem possibilidade de ter brinquedos assim está a potenciar a concentração.

Com 15 meses o F. começa a brincar com a pista de madeira do IKEA.

Embora esteja em cima de um chão colorido, foi a forma que encontramos mais prática de resguardar do frio vindo do chão. Mas até o chão já serve para aprender os números e as letras.

É interessante observar que, nesta idade, ele gosta de montar e desmontar. Usar peças soltas!

Para o comum dos pais, como eu o objetivo é que ela esteja montada para os carros andarem à volta sem interrupções. Mas não… ainda não estamos aí. Colocar os carros na linha, empurra-los, passar por baixo da ponte…

Enfim, observar, confiar. Sabendo que o filho tem todo o potencial. Aos pais basta respeitar e criar as condições necessárias..

Ser Pais preparados como Maria Montessori nos ensina.

Visita ao centro de ciência viva em Alviela 5

Dia de Todos Santos

Dia de Todos Santos 4

Hoje celebramos a nossa tradição, Dia de Todos Santos e cá em casa houve a oportunidade de pôr toda a gente a trabalhar.

O F. mexeu na massa com muita destreza. É já uma característica de bebés com 11 meses.

Maria Montessori dá muita importância à mão. Diz ela que a criança ao realizar uma atividade adquire novos conhecimentos que são enviados para o cérebro, desenvolvendo a mão e tornando-se mais forte e segura. Aqueles novos conhecimentos são integrados, desenvolvem o cérebro e impulsionam a nova atividade que ajudará a mão a dar mais um passo no desenvolvimento…é um novo ciclo.

A criança gosta de faz coisas… repetir até saber fazer bem, até chegar à perfeição. Por outro lado, brincar com as mãos dá-lhe a oportunidade de sentir, de conhecer com as mãos. Maravilhoso!

Os nossos bolinhos ficaram deliciosos!

Farinha, manteiga, açúcar, canela, raspa de limão, sódio, azeite e água.

Visita ao agromuseu municipal Dona Julinha

Visita ao agromuseu municipal Dona Julinha 18

Na Ortigosa, perto de Leiria há um Agromuseu municipal, antiga Casa Agrícola Pereira Alves de Matos Carreira.
É um espaço agradável, bem cuidado e conservado. Calmo e aprazível, ao mesmo tempo dinâmico e em diálogo permanente com a comunidade onde se insere e com o seu público.

Assume como objetivo primordial a recuperação e transmissão dos valores e tradições de uma casa agrícola oitocentista da região leiriense, colocando em evidência os seus espaços e memórias, coleções de objetos associados, modos de produção, usos e costumes locais em torno da exploração agro-pecuaria e silvícola com uma forte componente educativa na área patrimonial e ambiental.

Na educação montessoriana dá-se valor à interação e relação com os animais, a natureza, o ambiente.

O F. tem 11 meses e como estamos em casa, procuramos atividades que favoreçam esta relação. É muito bom podermos fazer estas atividades a dois.

Ouvir o som dos passarinhos nas árvores, dos patos e perus que andam perto de nós, ajuda a interiorizar tudo aquilo que vemos nos livros sobre animais. Em linguagem Montessoriana, temos oportunidade de explorar de perto e concretamente.

A criança absorve tudo aquilo que o ambiente lhe oferece. Cabe aos pais mostrar a beleza que existe entre nós.

Abrir o coração da criança à liberdade, ao amor, ao belo. Perceber que somos parte de um universo maravilhoso e que por isso devemos cuidar.

O F. tem um forte poder de observação. Como qualquer criança, gosta de “perder” tempo com coisas insignificantes para nós mas de grande importância para um cérebro que tem o desejo de conhecer tudo o que lhe passa á frente.

Conhecemos todos os cantos à casa e foi delicioso observar a alegria contagiante que o F. passa quando está a fazer o que gosta: explorar, observar, tocar, experienciar, conhecer.

Estou grata a Maria Montessori por me mostrar o quanto posso aprender com o meu filho. Trata-lo com o devido valor, sabendo que é o meu “pequeno” mestre.

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