Ser Feliz

A Alegria de Aprender em Qualquer Lugar

Quando nascemos somos livres! Observamos uma criança que cresce e sentimos a sua liberdade… à medida que cresce e aos poucos, a sua alegria, a sua liberdade diminui. Vivemos numa sociedade e desde muito cedo agarramo-nos a crenças, regras para pertencermos a grupos e, sem muitas vezes darmos por isso, a nossa liberdade é engolida! Fazemos comparações, julgamentos sobre a vida dos outros, daquilo que gostávamos de ter e não temos… enfim! 

A organização da sociedade é tal que na escolha das crianças irem para escola, nem se questiona se haverá outra alternativa à educação. O mundo não se criou com a escola, mas sim com seres que se relacionam entre si. A escola é um acréscimo da forma como a sociedade se foi formando. As escolas não vivem os melhores momentos até pelo contrário, e o que fazemos para melhorar?

Nesta família optamos por dar um ensino mais adequado e centrado na criança. Escolhemos o ensino doméstico e com ele toda a educação que a família proporciona nestes moldes. Estamos abertos ao mundo e não estamos fechados em quatro paredes, a socialização é feita com pessoas de todas as idades, o currículo não se baseia apenas nos manuais escolares, mas numa vastidão de interesses e opções que podemos escolher conhecer, a qualquer hora e em qualquer momento. Por ser professora, tenho a possibilidade de atravessar diferentes pedagogias, e faço isso entre o tradicional e Montessori.

Damos ênfase aos valores humanos, à liberdade,  ao respeito, ao autocuidado e cuidado do outro, à aprendizagem de todos (família e pais). Partilhamos amor e paz!

Em Portugal o ensino doméstico está regulamentado pelo Decreto-Lei nº 70/2021, segue algumas regras, no entanto todas as famílias podem escolher este tipo de ensino. E em qualquer altura podemos voltar à escola, ou vice-versa.

Quanto aos pais, não há qualquer ajuda. É como se não existissem, é como se fossem desempregados porque não descontam, não estão a trabalhar! Então é preciso, não só organizar a vida de forma a não faltar nada, mas também perceber que só um grande amor nos move! Por aqui o pai trabalha e a mãe professora, guia Montessori, para além de estar e ensinar a criança durante o dia, arranja tempo para ter o seu projeto online acompanhando famílias que desejam educar os seus filhos “sem caixa”.

A liberdade é um valor enorme e dar a possibilidade de a criança ser livre depende das nossas escolhas!

Estamos juntas pelas nossas crianças!

Maria Montessori

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O que te transmite a época de verão, com as férias das crianças?

Chegaram as férias escolares com as crianças a regressarem à escola em setembro. Ainda sou do tempo em que as férias GRANDES eram mesmo grandes e aproveitava para NÃO fazer nada! Mesmo nada! Ficava em casa, muitas vezes sozinha e sem telemóvel ou então ia para o emprego da minha mãe ou do meu pai.

Eram tempos muito bons! Adorava ir para o emprego dos crescidos! E era super bem tratada! Gostava de tirar fotocopias no banco onde o meu pai trabalhava, ao estar presente nas reuniões de final de ano letivo da minha mãe, ou então ficar com as auxiliares educativas a fazer limpeza das salas. Sentia-me importante! Faziam tudo para me agradar. Às vezes tinha companhia, porque iam outras crianças, filhos de colegas e nesses dias a brincadeira era uma descoberta! Sabíamos que todos os anos, haveria aquele reencontro.

Hoje, dou conta que a partir de abril/maio começam as dores de cabeça para os pais por causa das férias. Onde vou colocar os meus filhos durante o período de férias grandes?

Observamos nas redes sociais e em sites da especialidade imensas ofertas para este período do ano. Com diferentes valores e diversas atividades. A cada ano que passa, aquilo que se oferece é quase um programa para adultos!

Educamos crianças como mini-adultos, e mesmo por trás de boas intenções há sempre um objetivo na mente do adulto. Programas não só para entreter, mas ao mesmo tempo com muita aprendizagem. As crianças precisam de estar sempre a aprender! Como os adultos! E esses programas vendem… e se vendem…

Um dia, estava à conversa com uma amiga mãe de três filhos crescidos, que me dizia que um dos filhos numa dada altura da vida não queira fazer nada. Chegavam as férias e preferia ficar em casa, sozinho. Lia e via televisão. Entretinha-se com as coisas dele. Perguntei qual tinha sido o desfecho final e ela respondeu-me que hoje era uma pessoa bem sucedida, excelente ser humano!

Fiquei super agradecida pela partilha. Na verdade, fez-me confiar ainda mais na criança que tenho em casa quando me diz que prefere fazer preguiça em vez de ir a encontros de comunidades ou atividades criativas.

Sei que quando respeito a sua vontade, e encontrando uma solução para toda a família, a criança desenvolve o seu musculo interior, a sua interioridade. São os momentos de NÃO fazer nada, em que a criança mais cresce! Não aos nossos olhos, mas aos olhos de quem interessa, os dela!

Os pais de hoje têm muitos medos! Medo de deixar as crianças sozinhas, medo das crianças não aprenderem, medo das crianças não saberem nadar ou não falarem inglês, medo das crianças não serem pequenos chefes de cozinha ou não se darem com os outros, de não saberem ler aos dois anos ou não falarem mandarim! Medo, medo, medo…

E para não sentirem tanto peso na consciência, nesta época do ano, colocam os miúdos nos programas de férias para aprenderem tudo o que UMA vida oferece! Como se o mundo fosse acabar amanhã! Tranquilos! Tranquilos! A tua criança é mais inteligente do que tu! Ao seu ritmo, ela irá dar conta daquilo que não teve oportunidade de aprender. Confia mãe! Confia pai!

Este ano resolvi dar preguiça nas férias. Arranjar um programa cheio de preguiça, em que o objeto mais amado são os livros!

Estamos juntas? Fazemos um programa cheio de preguiça para os mais novos?

 

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O que nos dizem as nossas mãos?

Não vou fazer nenhuma interpretação da minha mão, não. Não sou a pessoa mais indicada para isso. Talvez fosse interessante mas como tenho muitas dúvidas acerca do que dizem nunca caí nessa aventura. O que sei é que cada mão representa uma história de vida… isso eu acho maravilhoso!

Umas mãos mais calejadas de trabalhar a terra, outras mais finas por se tocar guitarra, ou ainda, aquelas muito macias e com unhas bem arranjadas. Gosto de ver uma mão bonita!

Com as mãos podemos fazer muita coisa e não me imagino sem elas. Agarrar, empurrar, tocar, partir, levantar, folhear… Sem elas sinto-me despida.

Agradeço as minhas mãos! São delicadas e fazem coisas muito belas. Acredito que, tocar guitarra durante tantos anos, ajudou-me a respeita-las.

Montessori dá muita importância às mãos da criança. Elas estão ligadas ao cérebro e desenvolvem-no. “Não dê mais ao cérebro do que dá às mãos.”

Sabemos que ao desenvolver as mãos desenvolvemos o cérebro e daí termos atividades, desde o início de vida da criança, para que esta seja responsável pelo seu desenvolvimento. Atividades de vida prática e sensorial que consistem em exercícios para capacitar os dedos e a pinça feita por eles, o pulso e a sua rotação, transferir de uma mão para a outra e a pega de objetos. Tudo isto leva não só ao desenvolvimento das capacidades mas também à preparação da escrita quando a criança for mais crescida.

Que delicadas são as nossas mãos e quanto são importantes! Cuidemos delas!

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Os primeiros, os antigos, os do meio, os novos e os atuais

Pensar nos amigos …

Há pessoas que têm amigos para toda a vida! Os da creche ou da escola primária. E que depois de tantos anos têm orgulho em dizer que são amigos de infância…

Ou os amigos de liceu e mais tarde da faculdade que continuam a organizar jantaradas e festas malucas.

Há aqueles que não têm nada disto. Todos os dias podemos fazer novos amigos. Não precisamos, obrigatoriamente, de prolongar amizades. Mas dá sempre jeito cuidar delas…

Para aqueles que se casam, há os amigos antes do casamento e os que se ganham com a nova vida a dois. Estes são amigos de ambos e normalmente têm os mesmos objetivos de vida. A vida é tão corrida que se não for assim é uma perda de tempo.

Há os amigos do emprego, das aulas de fitness, da corrida, ou das aulas de música ou pintura. Os amigos da sessão de yoga ou meditação. Enfim, não sabemos viver sem amigos ou simplesmente conhecidos.

Quando vêem os filhos, acrescentamos a esta lista os seus amigos. Os amigos da aula de música ou da natação. Da escolinha. Muitas vezes estes passam a ser a prioridade quando os convites aparecem para as saídas em família.

Em tempos ouvi uma amiga queixar-se de uma outra que tinha sido mãe. Esta já não tinha tempo para os amigos…

Na altura calei-me. Não tinha nada para dizer. Não a conhecia. Mas hoje percebo as duas…

Com os filhos precisamos de aprender muitas coisas novas. Reorganizar objetivos de vida. Estar a par das novidades. Ouvir. Conhecer. Decidir. Quando estamos mais próximos daqueles que vivem momentos semelhantes aos nossos, é mais fácil viver!

Creio que todos os amigos têm o seu lugar. Umas vezes mais próximos, outras mais afastados. Há sempre a possibilidade de recorrer à tecnologia para apaziguar a saudade ou dar notícias.

Ter amigos vale o que vale. Ser amigo é uma grande responsabilidade.

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Vida prática – horta em casa

Semear, regar e cuidar. Colher e comer. São 19 meses e o desejo de aprender cada vez mais.

Esta atividade deve ser preparada pelo adulto. A partir dos 3 anos já será capaz de a realizar sozinha. Antes dessa idade pode ser acompanhada por um adulto.

Observar este processo demorado é obra! A paciência que a criança demonstra ao ver crescer as sementes é fantástico. Regar apenas quando é necessário. Saber quando se pode apanhar… E finalmente comer.

Ela reage a tudo isto consoante a sua maturidade e desenvolvimento. Só adulto basta estar presente e preparar o ambiente.

Semeamos rúcula no vaso da varanda. Quando estava pronta para ser apanhada grelhamos carapaus! Delicioso!!

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Vida prática – sumo de laranja

Vida prática – sumo de laranja 2

Esta é mais uma atividade que a criança se delicia com o resultado final…um suminho delicioso de laranja.

Deve ser preparada pelo adulto.

A criança poderá ter maior ou menor dificuldade, em a realizar, consoante a idade.

É de salientar que as atividades têm como um dos objetivos criar autonomia à criança, por isso é importante perceber se ela já estará pronta para a fazer.

Aqui por casa fazemo-la várias vezes. Sabemos que o F., ainda, não a faz sozinho mas fica muito contente em participar nela e beber o sumo depois de feito. Nham, nham

Escolher a fruta, corta-la com cuidado. Espremer suavemente com mão. Deitá-la para o jarro de vidro e depois para o copo.

Tantas tarefas!! Feitas ao ritmo da criança e com muita paciência. Elas aprendem rápido …

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As nossas tarefas diárias

As nossas tarefas diárias 1

Todas as famílias têm tarefas diárias. Lavar a loiça, fazer a cama, varrer o chão, limpar o pó… entre muitas outras. Os filhos gostam de imitar os pais. Em tudo! E gostam tanto de limpar a casa…

Maria Montessori ensina-nos que para nós, o trabalho é o mesmo que brincar para as crianças. Claro que não o fazem da mesma forma que nós mas tenho a certeza que o fazem com muito amor dando o melhor que sabem!

Algumas tarefas:

  • Pôr a roupa na máquina.
  • Lavar a loiça.
  • Tratar das plantas.
  • Estender e apanhar a roupa.

Devemos ver isto como um processo em que desenvolvemos as relações interpessoais, a confiança, a concentração e o foco. A motricidade fina e motricidade grossa. Os 5 sentidos!

As crianças são, ainda, mais crianças! Encontram um sentido para aquilo que fazem. Fazem para serem cada vez mais perfeitas. Apenas isto!

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Paragem

É tão bom quando no meio de uma semana de trabalho, o pai, está connosco!

Passear em família! Não é preciso fazer grandes distâncias nem fazer grandes visitas planeadas, mas ajuda ir a lugares onde nos sentimos bem! Perto do mar!

Olhar o horizonte, respirar fundo, sorrir e agradecer. Já fazemos, isto, os três! O F. gosta de respirar fundo! Gosta de sorrir e rir. Gosta de dar abraços e beijinhos. É possível fazer muito com tão pouco (achamos nós).

E aproveitamos para apreciar a natureza e tudo aquilo que ela nos dá. O mar. Os animais que podemos encontrar na água. O céu e os passarinhos. Ouvir o seu canto. Observar e estar atento. Não ter pressa para ir embora mas ter o ritmo do bebé (nem sempre é fácil).

Agradecer por sermos família. Família imperfeita e feliz. Agradecer a cada um de nós. Somos os três diferentes e gostamos muito de estar juntos. Agradecer a Deus que nos ama e cuida de nós.

Cuidar. Agradecer. Ser feliz todos os dias.

Paragem

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